O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro registrou, nesta quinta-feira (12), um recorde anual no combate a incêndios, com 460 focos atendidos em um único dia. Desde o início de 2024, já foram mais de 16 mil ocorrências, destacando um preocupante aumento no número de queimadas.

Dados divulgados há duas semanas já indicavam esse crescimento alarmante. O volume de incêndios atendidos pelos bombeiros é 85% maior em comparação com o mesmo período de 2023. Os municípios mais afetados são Rio de Janeiro (4.513), São Gonçalo (569) e Duque de Caxias (561), seguidos por Maricá, Nova Iguaçu, Niterói, entre outros.

Alguns incêndios atingem áreas próximas a comunidades, como no Parque Estadual da Pedra Branca, em Realengo, e no Morro das Andorinhas, em Niterói. Também há focos de incêndios no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região serrana, importante destino de atividades esportivas ao ar livre, como escalada e trilhas.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que, desde o início do ano, foram detectados 840 focos de queimadas no estado do Rio, o maior número desde 2017. Em agosto, o estado registrou 240 focos, o maior número para o mês desde 2010. Até o momento, setembro já contabiliza 135 incêndios florestais.

A situação tem afetado a qualidade do ar em várias regiões. Um boletim do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), divulgado na quinta-feira (12), aponta que apenas 16 das 57 estações de monitoramento registraram boa qualidade do ar. A má qualidade do ar pode causar sintomas como tosse seca e irritação nos olhos, nariz e garganta, afetando especialmente crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.

Apesar do aumento dos focos de incêndio, especialistas destacam que a maioria das queimadas tem origem na ação humana, seja acidental ou proposital. O Corpo de Bombeiros informa que 95% dos incêndios florestais são causados pelo homem. Investigações estão em andamento para apurar casos de incêndios criminosos.

Em resposta à gravidade da situação, o governo do Rio de Janeiro criou um gabinete de crise para enfrentar as queimadas e trocou o comando da Secretaria Estadual de Defesa Civil. Tarciso Salles assumiu a secretaria, substituindo Leandro Monteiro, que lamentou cortes nos recursos destinados ao combate a incêndios florestais durante a cerimônia de transição.

O governador Cláudio Castro, por sua vez, minimizou os cortes, afirmando que o Corpo de Bombeiros conta com recursos suficientes para as operações e que sua gestão já investiu mais de R$ 1 bilhão na corporação.

Diante do cenário, o Ministério da Saúde recomenda à população o aumento da ingestão de água, a limitação de atividades físicas ao ar livre e o uso de máscaras em regiões próximas a incêndios.

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