No dia 14 de junho de 1909, o Brasil enfrentou a perda de seu sexto presidente, Afonso Pena, que faleceu devido a uma forte pneumonia. Com a morte de Pena, o vice-presidente Nilo Peçanha assumiu o cargo, marcando um momento histórico para o país.

Nascido em 1867, Nilo Peçanha veio de uma origem humilde e se destacou como político e advogado. Ele é amplamente reconhecido como o primeiro presidente negro da história do Brasil. No entanto, sua identidade racial foi um tema controverso no início do século 20, uma época marcada pela prevalência de teorias racistas e pela ideia de embranquecimento da população.

Peçanha enfrentou desafios não apenas políticos, mas também sociais. Sua ascendência foi frequentemente questionada e ele foi alvo de charges e comentários racializados na imprensa. Apesar disso, ele não se identificava como afrodescendente e, socialmente, não era tratado pelas lentes do racismo que permeava a Primeira República.

O historiador Petrônio Domingues, da Universidade Federal de Sergipe, destaca que Peçanha era considerado mestiço e, segundo as categorias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seria classificado como pardo. Domingues ressalta que Peçanha foi racializado principalmente por adversários políticos e em situações de disputas.

A presidência de Nilo Peçanha, embora breve, é um marco na história do Brasil, refletindo as complexidades e contradições de uma sociedade em transformação. Sua trajetória é um lembrete da luta contínua por reconhecimento e igualdade racial no país.

Deixe seu Comentário


Aracy Santos Sens - 21/11/2024 08h50
O preconceito tem suas raízes histórias. Infelizmente ainda está enraizado na população brasileira.