“Creio mesmo - e aqui vai minha sugestão - que bem cabia um monumento na praça central da igreja, no centenário da colonização, ostentando o nome de todos os famosos construtores ... Como cabia trazer de volta o monumento que antigamente estava nos jardins da Casa Paroquial, a atestar o nome dos pioneiros da colonização de nossa cidade.” (Nilson Boeing)


- Os Primórdios.

- Os primeiros colonos.


"Antes, apenas o esplendor da natureza, com suas serras e matas se expandindo e o chilrear da passarada, de mistura com a agitação de outros animais selvagens". O texto, da história de Ituporanga segundo Raul Caldas Pamplona, dá bem uma ideia do que seria região quando por aqui aportaram os primeiros colonos: era 15.08.1912. O rio caudaloso, as matas cheias de animais debruçadas sobre o rio, duas imensas corredeiras e quedas de água na área que mais tarde seria o perímetro urbano. E os colonos chegando, no rastro da estrada que seria construída entre Barracão (atual Alfredo Wagner) e Barra do Rio do Oeste (atual Rio do Sul).


Sabe-se que os colonos alemães que vieram em meados do século XVIII para Santa Catarina, vieram dos vales do Reno, Mosele e Vestfalia. Sabe-se também que os primeiros colonos a chegar a Ituporanga vieram da antiga São José, mais precisamente de São Pedro de Alcântara. Eram os pioneiros Egídio Pedro Sens, conhecido por Gil, Mathias Pedro Sens e João Steffen. Depois deles, vieram outros, alguns que chegamos a conhecer pessoalmente: Adão Mathias Sens, Jacó Mathias Sens, Fernando Sens, Leopoldo Ludwig, Guilherme Momm, Escolástica Köpp - cujo marido faleceu logo após a chegada, vitimado por uma flecha de índio -, Ernesto Pedro Ludwig, Liduina Paulina Schmitt, Cecília Clasen, Matilde Schappo, Rosália Sens, Norberto Ludwig, Olídia Sens, entre muitos outros. De início houve muitos entreveros entre colonos e índios, com muitos colonos indo embora e a quase completa dizimação dos índios, mas essa é uma história que não pretendemos contar.


Vamos, antes, nos concentrar numa outra história: está fazendo 100 anos da chegada dos primeiros colonos. Por isso mesmo é que resolvemos escrever esse livro, feito por várias mãos, todas nascidas ou bem vividas em Ituporanga: São "casos", histórias e estórias de nossa terra natal, que a comunidade bem merece, no seu centenário de colonização.


A cidade de Ituporanga teve vários nomes:

- Rio Abaixo, como era conhecida originalmente:

- Barra do Rio Guabiroba e Barra do Rio Perimbó.

- Salto Grande, numa homenagem ao grande salto existente. Foi o primeiro nome oficial da vila, em 1919;

- Generosópolis - homenagem ao Sr. Generoso Domingos de Oliveira, Presidente do Partido Republicano - 1923;

- Volta a ser Salto Grande logo depois - 1928;

- Ituporanga - (1949) que significa, em Tupi-Guarani, nada mais nada menos que Salto Grande, ou Salto Bonito.


Ituporanga construiu, em tempo recorde, dois templos católicos que eram considerados, à época, os maiores do Estado: o primeiro, sob o comando do frei Gabriel Zimmer, que construiu em 1931 (ano da inauguração) A 2ª IGREJA CATÓLICA, sob o nome de Paróquia de Santo Estevão.


Quase na mesma época os luteranos construíram a igreja deles, quase do mesmo porte da igreja católica.


A TERCEIRA IGREJA CATÓLICA, ainda sob o nome de Paróquia de Santo Estevão, foi iniciada em 1949 por frei Arthur Kleba e inaugurada, apenas cinco anos após, por frei Achilles Kloeckner. 


Era, há época, considerada a maior igreja do Estado de S.Catarina, título que perdeu quando foram erguidas as igrejas de Blumenau, Rio do Sul e Itajai. Há que se conferir, todavia, em quantidades de pessoas que cabem dentro da igreja, pois a igreja de Ituporanga é realmente impressionante em tamanho.


O belíssimo templo está a atestar, não apenas a fé dos nossos pioneiros e seus seguidores mas também a qualidade dos nossos profissionais, pois foi todo construído sob o comando dos pedreiros, carpinteiros e marceneiros de Ituporanga, e olhem bem - sem mais acidentes a lamentar...


A lamentar apenas talvez o acidente com o Guido Wiggers, que morando com os padres, quis provar que também era bom de salto e praticou o infeliz pulo que todos dávamos, no início da construção da igreja e suas torres ... Era um quadrado imenso, da largura das torres: no meio, um pedaço de terra mais ou menos de três metros quadrados.


A profundidade seria de uns 8 metros. Pois o infeliz rapaz, ao pular, não alcançou a outra margem e caiu dentro do buraco, com água, rãs e sapos, e quebrou as duas pernas ... Claro que nossa Mãe fez um escarcéu quando soube que todos nós pulávamos, mas os nossos Anjos da Guarda eram especiais.


Mas voltemos à construção da igreja: todo o forro da igreja é feito em apenas um vão, medindo mais de 100 metros de largura por uns 200 de comprimento, o que por si só atesta a qualidade profissional de quem o fez. Creio mesmo - e aqui vai minha sugestão - que bem cabia um monumento na praça central da igreja, no centenário da colonização, ostentando o nome de todos os famosos construtores ... Como cabia trazer de volta o monumento que antigamente estava nos jardins da Casa Paroquial, a atestar o nome dos pioneiros da colonização de nossa cidade.


Sim, porque, passados apenas 100 anos, a cidade ostenta o título de capital catarinense da cebola, e está, o município, seguramente entre os vinte ou vinte e cinco mais prósperos do Estado de Santa Catarina, tendo passado, e muito, aqueles municípios aos quais pertenceu no passado. E prosperou tanto que muitos antigos distritos, como Petrolândia e Atalanta, hoje são também prósperos municípios. E olhem que, além de um excelente comércio e da agricultura a que nos referimos acima, está desenvolvendo uma indústria excelente, que se faz destacar no Estado.


Isso, - convenhamos - nem o mais sonhador dos nossos pioneiros poderia imaginar ...


Trecho do Livro “Homenagem a Ituporanga”, Nova Letra, 2012.

Nilson J.Boeing


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