Matéria original publicada na edição n° 2 do Jornal Vale Sul em 29 de Dezembro de 2011.

Entrevista para Wesley Fragas

Em 1960 a jovem Mercedes Tamanini então com 23 anos era ajudante de costureira de dona Madalena Maiochi em Ituporanga e conheceu o então Prefeito João Carlos Thiesen, viúvo. Namoraram por cerca de um ano e casaram-se em 1961.João Carlos tinha cerca de 62 anos, segundo ela, seu João não gostava de falar a idade. Dona Mercedes conta que seu João usava sempre ternos de linho com gravata e lenço amarrado no pescoço com chapéu panamá. Uma pessoa extremamente elegante e culta, lia demais, dizia que as pessoas que lessem bastante teriam mais chance de sucesso que as outras pessoas que não tinham tal hábito.


João Carlos Thiesen segundo Dona Mercedes era uma pessoa muito justa e muito procurada para acertar arestas entre as pessoas. Muita gente vinha do interior para resolver pendengas ou brigas e seu João era o conciliador. Se precisasse ser duro era duro, mas ao mesmo tempo era flexível. Era do PSD na época.

Conta também do apreço que seu João tinha por Arnito Sardá (motorista da caçamba) por ser um ótimo funcionário, exemplar e trabalhador. Era de confiança de João, assim como Calinho e Valmir Steinbach, operadores de máquina e ótimos funcionários.


Em determinado período do seu segundo mandato Mercedes conta que a máquina Patrola estragou e foi mandada para Porto Alegre para arrumar. Na época tiveram que buscá-la rodando, pois não tinha transporte para esta situação na época.

Lembra muito da construção da ponte de Três Barras (foto da capa), obra enorme e de grande vulto para a época e das muitas escolas inauguradas no interior.


“João cansou de tirar dinheiro do próprio bolso para comprar combustível para o maquinário da Prefeitura” , lembra Mercedes. Os repasses de dinheiro do governo federal eram muito escassos.


Mercedes Tamanini ainda goza de boa saúde e é assistida pela família e pelo bom amigo Alfonso Zunino no município de Ituporanga.


Mercedes lembra com ênfase de um grande episódio político da época onde os seus adversários queriam derrubá-lo do poder através de uma forte aliança contrária. Um de seus

adversários mais ilustres da época, o ex-prefeito Sr. Antonio Vandresen não admitiu tal aliança e veio apoiá-lo, pois achou aquela aliança injusta. Coisa que para época era algo impensável, afinal eram dois adversários da vida política.


João Carlos Thiesen morreu em 1972. Foi o primeiro prefeito eleito de Ituporanga.


Em 1975 Mercedes casou-se com o ex-prefeito Vergílio Scheller, depois também prefeito em Atalanta após o desmembramento daquela localidade.

Virgilio Scheller teve muitas dificuldades nos anos posteriores a política e ficou depressivo, vendeu as terras de Atalanta, e mudou-se para o Paraguai (os médicos recomendaram se isolar). Cerca de cinco anos depois de ele estar no Paraguai em uma localidade na cidade de Hernandália, a esposa e o filho Hélio Scheller foram visitá-lo no Paraguai. No caminho um grave acidente vitimou sua esposa e causou sérios problemas físicos com o filho Hélio Scheller, advogado que por muito tempo atuou em Ituporanga.


Mercedes conheceu Vergílio por conta do amigo Lico Grahl (Walter Abel Grahl, ex vereador), trabalhava nas Lojas A Barateira do grupo Mueller e foi apresentada formalmente a Vergílio Scheller. Com 33 anos casou-se com Virgílio e no mesmo dia foram para o Paraguai. O político plantava hortelã e lavoura em geral. Conta que no Paraguai seu Vergílio e

Antonio Vandresen ainda eram sócios de uma serraria. Com a construção da Itaipu (Usina Binacional de Itaipu), perdeu cerca de 50% das terras que foram inundadas pelas águas do Rio Paraná.


O governo do Paraguai pagou pouco pelas terras. A serraria inclusive estava em cima da área inundada. Vergílio melhorou da depressão no Paraguai. A hortelã era plantada, colhida, secada e destilada o óleo de hortelã, para a indústria aeronáutica e indústria de cosméticos. Com a desapropriação vendeu o resto das terras para uma família de suíços por intermédio de uma imobiliária em Hernandárias.

Vieram para Barra Velha em 1983. Em 1987 vieram para Ituporanga novamente. Vergílio faleceu em 1988 por conta de uma cirrose hepática.


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